segunda-feira, 31 de outubro de 2011

[obraAnáloga08]: Parque Gowanus Canal Sponge - Brooklyn - Nova Iorque

Anualmente são lançados no Canal Gowanus 1,1 milhões de metros cúbicos de esgoto o um órgão da cidade de Nova Iorque classifica a água do canal como Classe SD - perigosamente poluído. Pesca, natação, e contato direto com a água são desaconselhados.

 Atual situação do bairro
O Parque Gowanus Canal Sponge Parque tem a proposta de converter 11,4 hectares de altamente contaminados em um parque de orla urbana. O projeto se divide em áreas verdes e de lazer com espaços abertos e restantes zonas úmidas para as bacias que despoluição das águas.
O projeto do parque incorpora sistemas naturais que usam plantas selecionadas especialmente para filtrar a água de escoamento tóxico e absorver poluentes nocivos antes de retornar no Canal Gowanus.

 Perspectivas ilustrando a proposta do projeto

Como muitas cidades, Nova Iorque tem um sistema de esgoto combinado. Durante fortes chuvas, esgoto bruto se mistura com o escoamento de águas pluviais, transbordando diretamente no Canal Gowanus. A água contaminada contém bactérias e substâncias químicas tóxicas que põem em perigo as pessoas e os animais selvagens. Mesmo com suas águas altamente poluídas, o canal Gowanus, como existe hoje, ainda evoca a beleza natural inerente. O projeto visa melhorar e mostrar esta beleza através da criação de um parque de orla urbana em suas margens.
 Corte esquemático mostrando as áreas do parque

Atualmente, o bairro encontra-se em decadência. O novo projeto propõe transformar os espaços abandonados em parques de bolso (pocket parks) e oferecer aos cidadãos espaços ao ar livre com vista panorâmica para o canal restaurado e despoluído. Através da criação de diversas tipologia de espaços públicos, o Parque Sponge acomoda os interesses de todas as pessoas. Espaços públicos incluem hortas comunitárias, cafés, áreas de estar,  espaços para exposições, etc.

[comentário]: mais um exemplo de tratamento de áreas poluidas e degradas de forma alternativa e que traz a natureza de volta ao contexto da cidade. Várias obras e cidades no mundo estão tratando o problema da poluição das águas urbanas desta mesma forma. Uma tendência que Belo Horizonte também deveria  segui ao invés de "concretar" o esgoto, como estamos presenciando com a execução do Boulevard Arrudas. 

domingo, 30 de outubro de 2011

[obraAnáloga07]: os bairros Rieselfeld, Vauban e Wiehre em Frieburg - Alemanha

O bairro de Rieselfeld foi criado onde antes era o destino de todo o esgoto da cidade durante anos. Um cinturão verde, que tem áreas de preservação e rurais, foi planejado para ser ecologicamente sustentável. A drenagem é toda naturalizada, com uma sucessão de jardins, biovaletas, lagoas de retenção e detenção, vai das edificações até a lagoa de detenção localizada na reserva ecológica. Uma pista de bicicletas e pedestres passa pela periferia do bairro e permite circular até o centro da cidade e o interior do cinturão onde está localizado um zoológico.

Parque urbano no centro de Rieselfeld, A construção com teto verde abriga quadras poliesportivas em meio a diversos espaços para lazer, recreação e cultura.

Estacionamento e pavimentação drenantes

 Lagoa pluvial – integra o sistema de drenagem naturalizado do bairro


Lagoa Seca ou de infiltração. Localizada no final do sistema natural de drenagem do bairro dentro da reserva ecológica, recebe o excedente do escoamento de águas das chuvas que não foram infiltrados durante o percurso.




Vauban, outro bairro de Freiburg é um projeto mais recente. O planejamento de sua paisagem visou também ser de baixo impacto e alto desempenho. O bairro é compacto na ocupação com áreas de lazer e recreação situadas entre os edifícios. As superfícies são permeáveis, com sistema de drenagem que mimetiza os processos naturais. As ruas são projetadas para bicicletas e pedestres, com os estacionamentos para carros situados em edifícios-garagem na periferia. A maioria de seus moradores não possui automóvel


Rua verde com biovaletas, prioridade para pedestres e ciclistas

Drenagem dos telhados conduzida por piso poroso para infiltração
em chuvas normais.


 Parque entre conjuntos de prédios de quatro andares


 Pátio interno privativo moradores

Biovaleta ao longo dos trilhos do VLT que corre sobre área vegetada.

Biovaleta ao longo da rua é o jardim em frente dos edifícios





Nos dois bairros, Rieselfeld e Vauban, o tram, ou bonde moderno (VLT) foi projetado antes do início da construção das casas. Conecta os bairros com o resto da cidade, e integra a infraestrutura verde, pois o pavimento é poroso e tem áreas com relvado É um exemplo de multifuncionalidade aliada a um meio de transporte de massa. A energia solar é visível em quase todos os lugares de Freiburg, o que ocorre até mesmo em pequenas cidades no interior da Alemanha.

 
Rieselfeld - VTL sobre relvado.


Outra área da cidade onde se introduziu o estado-da-arte em infraestrutura verde multifuncional, com drenagem urbana naturalizada, foi o loteamento residencial a oeste da estação de trens de Wiehre. Esse novo empreendimento é fruto de diversas edificações feitas por diferentes empresas, com projetos arquitetônicos distintos, mas todos integrados à estrutura ecológica local. O sistema de drenagem aproveitou a topografia, é visível desde as áreas mais elevadas até o canteiro central em local mais baixo. Possui jardins de chuva, tetos verdes, biovaletas e na área em declive, uma sequência de pequenos diques detém as águas das chuvas. A área é lindeira a um parque que protege a Floresta Negra. Com isso, também conecta as áreas verdes urbanas com as áreas naturais do entorno da cidade.


Biovaleta conectada com biovaleta em níveis mais abaixo na rede de drenagem naturalizada.

Bacia de detenção com diques em degraus no final do sistema de drenagem naturalizado.


Canteiro pluvial.


Circulação para chegar às residências, com a drenagem naturalizada visível. Carros não chegam às ruas internas.


Vista da rua com as residências e o estacionamento de bicicletas que possuem tetos verdes, na maiorai.



Freiburg atrai visitantes de todo o mundo por ser uma das cidades pioneiras em pesquisas e projetos urbanos sustentáveis, além de ter um centro histórico que foi todo restaurado e deu visibilidade para as águas até em suas estreitas ruas centrais de pedestres. É um modelo de desenvolvimento voltado para a economia verde, que atrai empresas de ponta em diversos setores e pessoas em busca de melhor qualidade de vida.

 Rua reurbanizada no centro antigo, visibilidade para o fluxo das águas.

 [comentário]: todas as imagens mostram soluções arquitetonicas relativamente simples. Adaptar uma cidade com soluções de infraestrutura verde não exige soluções mirabolantes, nem design sofisticado, nem engenharia complexa. É utodo muito simples. O mais importante é a funcionalidade do sistema. Na verdade o que é necessário mudar são os conceitos. A forma que estamos habituados a viver nos grandes centros urbanos, é que precisa ser alterada. Este é um exemplo de que é possivel e relativamente simples.

domingo, 23 de outubro de 2011

[obraAnáloga06]: Os jardins filtrantes do Parque Chemin de l’Ile em Nanterre

Como parte da revitalização das margens do Sena, a cidade de Nanterre construiu o eco- parque o Parc du Chemin de l'Ile. Com 15 hectares o principal objetivo é melhorar a qualidade das águas do Sena. A água chega poluida de Paris, passa pela zona de filtragem e finalmente é devolvida ao rio limpa.
 

Concebido como uma ligação entre a cidade e o rio, este parque é o projeto emblemático de ordenamento do território e gestão sustentável do Sena e suas margens. Ao contrário dos tradicionais parques urbanos, o Parc du Chemin de l'Ile é relativamente incomum, porque combina equipamentos públicos, paisagem urbana e valor ecológico.


A primeira parte do parque foi convertido em zonas de filtragem. Além do aspecto da paisagem, os “Jardins de filtragem” têm um papel no controle da poluição da água. A água do Sena é purificada pelo cruzamento sete tipos de bacias dispostos em cascata. Plantas que adornam as lagoas foram selecionadas de acordo com a evolução da qualidade da água como e quanto o seu tratamento. A primeira bacia  utiliza a taboa (Typha angustifolia) para quebrar as cargas orgânicas. A segunda bacia utiliza a cavalinha (Equisetum fluvial), a íris amarelo (Iris pseudacorus) e a íris azul (Iris sibirica) para matar germes. A última bacia utiliza plantas que oxigenam a água: nenúfares (Nymphaea alba), falso lótus (Nymphoides peltata), glicérico áquatica (Glyceria aquatica). Quando retorna ao Sena a água está novamente carregada com compostos orgânicos, nitrogênio, fósforo e bactérias.


A imagem mostra as bacias de filtragem

Para facilitar a recepção do público, muitas instalações auxiliares foram planejadas: área para cães, áreas para bicicletas, jardins, parques infantis, hortas comunitárias, etc. O parque está cheio de cenários para se desfrutar da paisagem circundante: bancos, mesas e grandes gramados.Várias esculturas contemporâneas também foram colocados em todo o parque.


 Estas imagens mostram as áreas para contemplação da paisagem.

Veja no link abaixo o programa Cidade e Soluções da Globo News que mostra o parque e explica em detalhes o processo de purificação da água.


[comentário]: Que este tipo de prática se multiplique! Estações de tratamento em comunidades, condomínios, onde o saneamento não chegou – jardins filtrantes. É trabalho para biólogos, agrônomos, paisagistas, sanitaristas, pesquisadores, empresários, etc..
Um dia aprenderemos a transformar o esgoto em jardins, e usufruir de mais qualidade de vida e menos poluição. As técnicas estão disponíveis, é só acreditar que é possível.

[obraAnáloga05]: Jardin d’Éole em Paris

A concepção deste espaço verde é em muitos aspectos, uma ilustração de uma nova geração de espaços públicos com um esforço contínuo para integrar os serviços ambientais e o uso pela comunidade do entorno.

 vista geral do jardim

Para o projeto a equipe levou em conta a demanda social. A divisão do espaço permite os usuários ter muitas e variadas atividades, áreas para crianças, espaços para jogos de bola, esplanada para caminhadas, gazebo para relaxar, área para piquenique, etc. Para promover a consulta com os moradores locais, um sociólogo, também fez parte da equipe de arquitetos para analisar as necessidades dos moradores.

 área para piquenique ou mesa para jogos

 canal para retenção de água da chuva

Está disposto longitudinalmente em terreno onde existia uma linha férrea. Revitalizou uma área antes desvalorizada. Atualmente é muito usada pela população para inúmeras atividades.

No link abaixo, você pode ver um vídeo com entrevistas dos usuários do local:


[comentário]: o sucesso deste projeto está na apropriação do espaço por parte da comunidade. Existe um blog da comunidade (eu perdi o link) que mostra a mobilização das pessoas desde o inicio do projeto, e atualmente, blog mostra os eventos que vão ocorrer no local. Também mostra a vontade da comunidade de que o mesmo tipo de interveção se extenda para os bairros vizinhos, criando uma rede totalmente conectada de áreas verde. Vale a pena salientar que em todos os projetos citados anteriormente o que é mais importante é a intenção de se criar um novo paradigma relacionado com as questões de sustentabilidade, e principalmente o envolvimento das pessoas com os projetos e espaços.

[obraAnáloga04]: Reserva Ecológica Costanera Sur - Buenos Aires

Localizado na margem do Rio de la Plata,  a Reserva Ecológica Costanera Sur é um espaço único verde dentro da cidade de Buenos Aires. A poucos quarteirões do centro financeiro e administrativo, a reserva oferece a possibilidade de contato com a natureza selvagem.

 Vista do parque com a vistada cidade ao fundo
 
Da estrada é possível ver uma grande variedade de árvores, gramíneas e arbustos típicos do delta do rio. A
briga uma rica biodiversidade: os lagos são habitados por uma fauna típicas dos pampas. Mais difícil de observar, outros grupos zoológicos também estão presentes: várias espécies de peixes, anfíbios e répteis em abundância, alguns mamíferos e insetos e outros invertebrados inúmeras que podem ser vistos na água, na vegetação ou atravessando as estradas.


Mapa da reseva

Reserva Ecológica Costanera Sur é a sala de aula da cidade de Buenos Aires, onde todos os moradores e os visitantes podem aprender sobre os benefícios que a natureza  proporciona e aprender como podemos usufruir e preservar o meio ambiente.
 




Vista interna do parque

O parque oferece inúmeros serviços ecossistêmicos além de ter valorizado o entorno. É freqüentado por moradores e turistas.

Passeio noturno na área de preservação - visita com guias do parque

[comentário]: Já estive em Buenos Aires e em alguns bairros, as ruas são muito arborizadas e notei que existem muitas praças e parques espalhados pela cidade. Este parque específico eu não conheci. O interessante é que é uma reserva selvagem, dentro da cidade. Além de oferecer os serviços ecológicos também é um forte atrativo para turista.

[obraAnáloga03]: Satoyamas - áreas de interface Natureza - Cidade

Satoyama é um conceito japonês de integração das áreas urbanas e naturais, uma espécie de zona tampão. 


Atualmente estão inseridos em parques em centros densamente habitados, como em Nagoya. Além de lazer oferecerem serviços ecossistêmicos, contribuem com drenagem naturalizada evitando enchentes a jusante, colaboram para a despoluição das águas, são fontes de produção de alimentos e insumos florestais, e atuam como centros de educação e conscientização ambiental.
Mapa do Satoyama Higashi Yama no Heiwa Park em Nagoya
 Área para lazer

Área de produção de bambu - insumo florestal
Área de produção de arroz

[comentário]: aparentemente este projeto segue o conceito de um parque junto com uma área de preservação. As áreas são preservadas e ao mesmo tempo oferece serviço para a população, como por exemplo a produção de arroz e extração de bambu, além de espaços de lazer. No local também existe um centro educacional para as crianças que ensina a importância da preservação da natureza.

domingo, 16 de outubro de 2011

[obraAnáloga02]: a cidade de Freiburg - Alemanha

No sul da Alemanha, a cidade de Freiburg além de ser um modelo de cidade compacta que utiliza energia limpa com prioridade para transportes não poluentes é também exemplo de infraestrutura verde. O eixo principal de conexão de ciclistas e pedestres cruza a cidade ao longo do rio por 9,5 Km, é um corredor verde multifuncional. Possui plano de infraestrutura verde em duas escalas. Na escala urbana tem uma rede de áreas de conservação e agrícolas que entremeiam as áreas urbanizadas. Na escala local trabalha junto com os proprietários para manter a integração com o plano na escala da paisagem. As regras construtivas são bastante restritivas, não são apenas parâmetros máximos e mínimos.

Corredor verde multifuncional (parque linear) de 9,5 Km em Freiburg.
A articulação dos meios de transporte de baixo impacto pode ser conferida no edifício verde (utiliza energia solar) onde os ciclistas guardam as bicicletas para pegar o VLT, trens ou ônibus situados na estação central multimodal que abriga hotel, comércio, serviços e escritórios.
Vista do edifício garagem de bicicletas do viaduto por onde passa o VLT, sobre as linhas de trem

Interior do edifício garagem

A cidade continua se desenvolvendo e surgem novos bairros. Uma nova área residencial da cidade de integra drenagem naturalizada, com vegetação nativa e aproveita o potencial ambiental local.

 Biovaleta em níveis

[comentário]:   A infraestrutura verde já é uma realidade nesta cidade. O principal objetivo é dos projetos é produzir espaços que mimetizam a natureza,  transformando os espaços urbanos monofuncionais em multifuncionais. Neste projeto as ruas, estacionamentos, telhados, canais e jardins oferecem serviços ecológicos, tais como: coletar e drenar águas das chuvas, diminuir as ilhas de calor, reduzir temperaturas internas e o consumo de energia, limpar o ar, filtrar as águas de escoamento superficial, melhorar a saúde e a qualidade de vida da população, além de reduzir enchentes e conter deslizamentos. É uma tarefa transdisciplinar que além de pesquisas e projetos também requer mudanças de hábitos e a participação efetiva da comunidade.